sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

H de H

E lá se foi mais uma garrafa de vinho.
Chove.
Imediatamente procuro aparas que ficaram escondidas na mente.
O tentar é o caminho.
Tentamos todo o caminho.
Mais uma garrafa de vinho.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Toda pressa que se acalma

Andou sentada. Estendeu a palma das mãos pra prender o vento. Doce querer. Ele não será preso se não se acalmar. Mas se o vento não se apressar, não mais existirá. Só será vento, se correr. Correr em busca do que? O que é que tanto o vento procura... Ser livre? Do que? De si mesmo? Se parado ele não pode ser ele mesmo... Então deve passar a vida toda aos passos largos. Não parando nem no barzinho da esquina, onde a menina bonita se encontra sentada numa mesinha de canto. Passando as mãos pelo cabelo, pra ajeita-los, a fim de sentir-se bonita pro cara do outro lado da rua. E o vento, que passou apressado por ali, ajeitou a gravata, pigarreou e estendeu a palma das mãos aos cabelos da menina. Tirou pra dançar. Deu forma e movimento a cada um dos fios. Deu chance àquele emaranhado de fios recém nascidos que se escondem perto da nuca, de poderem ver a luz do sol que estava a se por. Fez com que chamasse a atenção do rapaz apressado que passava do outro lado da rua. E o vento, depois de convidar o cabelo pra uma dança, correu, apressado, levando junto o perfume da menina. O cheiro de flor dela. De flor quando ri. E quando passou pelo rapaz, fez com que ele fechasse os olhos, pra que o olfato superasse a visão, sentindo como que em câmera lenta, o doce frescor do perfume da menina. E quando abriu os olhos, procurou pelo vento, que trouxera aquela agradável sensação. Mas ele enxergou além do vento, que já vinha se tornando brisa, e além, estava a menina. Jogando os cabelos pra trás, disfarçando o olhar, como se aquele gesto não tivesse intenção. E então, o menino, que estava apressado, parou na esquina, olhou pros dois lados. Não, não estava vindo nenhum carro. Pôde atravessar tranquilamente enquanto olhava de novo, a menina. E ela, já não conseguindo mais alcançar o menino com os olhos, voltara sua atenção a blusa que trazia na bolsa. Já que o sol estava se pondo, e o vento passando mais gelado e com mais pressa. Os dois continuaram a pensar, cada um com o que havia notado. O cheiro de flor, o cabelo ao sol, o menino com pressa, o jeito de andar, o encontro dos olhos. Pensaram tudo, cada detalhe. Só esqueceram de lembrar que se não fosse o vento, mesmo com toda sua pressa, não teria sido a mesma coisa. E que o vento, corre pra unir olhares, pra fazer perceber os corações. Ele faz da pressa dele, caminho pra que as pessoas com as pressas delas, possam, ainda assim, sentirem agradáveis sensações, sentir cheiro de flor quando ri, admirar a dança dos fios dos cabelos de meninas sentadas na esquina. Essa é a razão de sua pressa. Mesmo que ninguém entenda.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

A tal

Alice fez que fez, fez que não fez. Parou na esquina, olhou, pensou. Pensou que não deveria parar pra pensar, e seguiu. Literatureou algumas palavras, venceu a exímia atmosfera que, perambulando por ali, fazia esgueirar-se pra fora do peito. Acalentou sorrisos, e então, quando parou de se autocapsular, achou frequencia praquilo que antes insistia em ser desenfreado.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Walk

Intenso como um filme feito de um extenso livro. Dificil resumir sentimentos, encurtar a intensidade pra caber no espaço de tempo que não daria se fosse um romance clássico. Não teve nada clássico. Foi simbólico e grosseiro. Me envolvi nas minhas próprias fantasias. E fui egoísta tal como. O tal "esperar de", que coisa mais feia. Esperei que fosse a pessoa certa, esperei que me entenderia como nem eu me entendo, que fosse adivinhar meus mais profundos desejos de realização. Esperei que me fizesse feliz. Mas pensando bem, se nem eu - que devo ser a pessoa que mais me entendo, por todo o tempo de convivencia - sei a fórmula pra me fazer feliz, a mim mesma, porque devo esperar que outra pessoa saiba?

quarta-feira, 28 de março de 2012

Contraste degradê

Vulnerável à mínima chance de ser feliz. Boto fé.
Aliás, sempre movo mundos e fundos, sempre penso estar apaixonada. Deve ser trasnbordo de paixão pela vida. Será? Tento entender o motivo de andar de salto no meio da boiada. Usar o controle pra aumentar o brilho da tv e depois de um tempo perceber que não era esse o botão a ser apertado e nem o que estava deixando a tela mais visivel. Excesso de brilho estava atrapalhando a visão, prejudicando o programa que estava sendo exibido, e acabo por mudar de canal.

Passando de macaco pra mico, só pra mim. Um galho aqui e outro acolá, e aquele velho achismo:  Ah, mas não há mais ninguém assim. E não há mesmo. Cada pessoa desperta um sentimento diferente dentro no outro. Mesmo com afinidade, ou a falta dela. Existem excessões. E sempre acabo com aquele pensamento de "quem diria, hein?", do tipo de quem observa e admira de fora um lindo trabalho realizado com sucesso. Mas um pouco a frente, depois que passar a realização daquele, tem-se que ir atrás de um novo projeto, com a finalidade de se entreter novamente. Mas o excesso de empolgação atrapalha, desalcansa o trabalho finalizado. E aí, depois de mexer no brilho, eu mudo o canal. Sem saber que poderia tentar o botão do contraste e ir deixando em tons degradê, aos poucos, até chegar ao ponto exato que não prejudique a visão e que seja prazeroso assistir até o final, aquele programa.

terça-feira, 20 de março de 2012

Dois pra lá, dois pra cá.

A palavra correta seria descaso, semelhante a indiferença. Soube da resposta e preferiu se manter calado, passou, já era. Não pra mim. Pra mim sobraram resquicios de raiva por alguém ter feito descaso, de mim.
É estranho quando você simplesmente se acostuma a ter alguém que você queira como companhia, pra fazer coisas simples da vida, ou complexas demais. Eu queria que ficasse como antes, e quando eu falo sobre dar certo, eu não me refiro a funcionar ou não. A gente descobriu entre sofás e salas de cinema que a gente combina muito. O orgulho aguçado com a capacidade de provocação extrema se entendem juntos. Ou melhor, eu pensava assim.
Eu gostava quando me olhava com olhos de quem desconfiava qualquer piscada torta que eu desse. Quando me olhava aflito, com gosto de admirador que quer ser secreto. Quando tentava esconder de mim que queria me abraçar de novo, que queria ficar um pouco mais e que o tchau seria dolorido tanto quanto o oi de quem chega, era aliviante.
Eu gostava quando ouvia dizer que tinha saudades, que alguém se importava e que "me deixa te proteger" era uma expressão não só da boca pra fora, mas de quando era realmente, de dentro pra fora. Quando eu sentia lá no fundo, que eu estava sendo protegida, e que se eu me sentisse sozinha, eu teria a quem desabafar, e me embrenhar no abraço deitado de alguém que me acolhe como se quisesse parar o tempo ali. Mas eu não pude demonstrar tal afeto, tal vontade de abrir um sorriso e dizer em alto e bom som: ó, eu gosto de você, você me faz bem. Eu não pude. Tive que recorrer a umas das coisas que eu mais repreendo nessa a vida, conter sentimentos. Me fizeram ser formal, ligar só quando fosse conveniente, mensagens só como resposta, presentear somente com data certa. E não sou assim, ligo quando tenho vontade, mesmo em horas inconvenientes, acordar o outro se for preciso. Mando mensagem quando me convém, quando sinto que o sentimento é tão bonito a ponto de eu querer compartilhar, eu mando, pra que o remetente de tal sentir, saiba que aqui, tem alguém pensando o quanto foi legal quando pudemos repartir o riso, dar as mãos e encontrar olhares. Gosto de presentear quando vejo algo que me faz lembrar o jeito, tão diferente, que me fazia desviar olhares de algo lá fora, pra prestar atenção em bobagens do tipo dele. Ainda gosto de tudo isso, mas já não faço mais. Me ausentei de mim mesma. Não suporto o menos, nem o pouco, e é assim que estou, sendo pouco e sentindo menos. Talvez o desapego seja necessário, eu que não queria ser desapegada... existem sentimentos tão bonitos pra se sentir, não entendo porque coloca-los de lado. Mas já que não é retribuido, já que considero demais, tenho carinho demais, sorrisos demais pra dar, muita vontade de abraçar, já que tenho tudo demais, o jeito é diminuir o ritmo, ao som de dois pra lá, dois pra cá, a meia luz. Ser espontâneo já não é tão aceito como antes. E eu quero ver até quando consigo ser assim.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

yet

Qual o real motivo do gosto, desse tanto querer, se nada me agrada. Me diverte, faz rir, mas me coloca de frente com o que ainda não descobri, não sei lidar nem sei como agir. Vou levando, disfarçando, recolocando as peças do quebra-cabeça de forma irregular pra ver se encaixa e, mesmo errado, encaixa. Não quero me limitar e também não quero me expor. Receio o que está acontecendo em meu coração, mas me conheço. Logo mudo de idéia, pinto de outra cor, ponho de lado, murcho e recomeço. Uma nova canção pra ficar na cabeça, uma nova gíria pra achar engraçado, uma nova mania de outrém pra eu reparar, novos detalhes pra eu sonhar, me estranhar de novo. Mas ando gostando ainda, querendo ver onde vai dar, apostando. Mesmo que não tenha nada a ver comigo, eu não tenho escolha. Tenho. Mas não quero me pressionar a escolher. Se o caminho for outro, mais pra frente eu vou saber, e então dou meia volta ou pego um atalho. Mas vou ser diferente dessa vez, comigo mesma, com meus princípios. Pra ver se dá samba. E se der, aviso.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Antídoto

Soube. No momento em que apostei, eu soube a verdade. Fui escutando as palavras alheias, elas podiam vir com um aviso antes "caution", pois me trouxeram a tona toda exatidão daquilo que eu só então imaginara. Mas imaginei só um pouco, e me jogaram diálogos extensos na cara! Queria pedir que me poupasse dos detalhes, mas se era preciso ouvir, eu assim o fiz. Engoli a seco e nem pude questionar, a cara de espanto não há como esconder, mas a palidez da alma, essa eu soube encostar no canto. Jogar o verde pode ser perigoso se não estiver preparado, ouvem-se coisas sem que o outro saiba que vai provocar tanta instigação. Fui perguntando e ouvindo, ardendo dentro e soprando fora. Tentando encaixar letra por letra do que estava sendo dito com tanta solidez. Talvez a moral de tudo que escutei hoje, seja o fato de que amanhã será a minha vez de falar. E do terceiro escutar.