O orgulho abre as asas quando você sabe que está com a razão. E teimamos em achar que o tal orgulho, com as tais asas, vistoso que só ele, irá levar o outro a enxergar que a razão em questão é mesmo sua. "ah, ele que venha atrás".
Depois de uma briga, a porta do carro bate num tom acima do normal, como se o gesto substituísse a voz dizendo que "acabou!". Em seguida, surge por trás, sorrateiro, o tal. E ele te faz esquecer de que o outro, que recebeu a batida da porta, também o sente e também espera que você vá atras. O outro também acha que a razão está com ele. Ninguém quer dar o braço a torcer. Mas não há razão para não ser flexível. Não há razão para adeus. Não há posse de razão. O orgulho pode levar ao fim, e o fim pode levar ao arrependimento. Então, se alguém abre um sorriso no qual revela uma brecha no meio do caminho, mesmo que posterior a uma batida digna de porta, um sorriso acusando uma trégua, sussurrando um "vamos resolver isto de uma vez", aí a vontade de permanecer junto pode ser impulsionada e todas as aparas podem ser discutidas. O orgulho deixado de lado, o não precisar ir atrás, nem esperar que venham, pode te levar as nuvens, poupando energia de bate-portas e noites mal dormidas esperando um alô do outro lado da linha. Aquela demonstração gratuita de adeus, dado ao sair do carro, pode te fazer temer que o adeus seja verdadeiro, e te mostrar que você poderia sair de braços dados com a razão, mas logo a frente poderia esbarrar direto no arrependimento.