quarta-feira, 28 de março de 2012

Contraste degradê

Vulnerável à mínima chance de ser feliz. Boto fé.
Aliás, sempre movo mundos e fundos, sempre penso estar apaixonada. Deve ser trasnbordo de paixão pela vida. Será? Tento entender o motivo de andar de salto no meio da boiada. Usar o controle pra aumentar o brilho da tv e depois de um tempo perceber que não era esse o botão a ser apertado e nem o que estava deixando a tela mais visivel. Excesso de brilho estava atrapalhando a visão, prejudicando o programa que estava sendo exibido, e acabo por mudar de canal.

Passando de macaco pra mico, só pra mim. Um galho aqui e outro acolá, e aquele velho achismo:  Ah, mas não há mais ninguém assim. E não há mesmo. Cada pessoa desperta um sentimento diferente dentro no outro. Mesmo com afinidade, ou a falta dela. Existem excessões. E sempre acabo com aquele pensamento de "quem diria, hein?", do tipo de quem observa e admira de fora um lindo trabalho realizado com sucesso. Mas um pouco a frente, depois que passar a realização daquele, tem-se que ir atrás de um novo projeto, com a finalidade de se entreter novamente. Mas o excesso de empolgação atrapalha, desalcansa o trabalho finalizado. E aí, depois de mexer no brilho, eu mudo o canal. Sem saber que poderia tentar o botão do contraste e ir deixando em tons degradê, aos poucos, até chegar ao ponto exato que não prejudique a visão e que seja prazeroso assistir até o final, aquele programa.

terça-feira, 20 de março de 2012

Dois pra lá, dois pra cá.

A palavra correta seria descaso, semelhante a indiferença. Soube da resposta e preferiu se manter calado, passou, já era. Não pra mim. Pra mim sobraram resquicios de raiva por alguém ter feito descaso, de mim.
É estranho quando você simplesmente se acostuma a ter alguém que você queira como companhia, pra fazer coisas simples da vida, ou complexas demais. Eu queria que ficasse como antes, e quando eu falo sobre dar certo, eu não me refiro a funcionar ou não. A gente descobriu entre sofás e salas de cinema que a gente combina muito. O orgulho aguçado com a capacidade de provocação extrema se entendem juntos. Ou melhor, eu pensava assim.
Eu gostava quando me olhava com olhos de quem desconfiava qualquer piscada torta que eu desse. Quando me olhava aflito, com gosto de admirador que quer ser secreto. Quando tentava esconder de mim que queria me abraçar de novo, que queria ficar um pouco mais e que o tchau seria dolorido tanto quanto o oi de quem chega, era aliviante.
Eu gostava quando ouvia dizer que tinha saudades, que alguém se importava e que "me deixa te proteger" era uma expressão não só da boca pra fora, mas de quando era realmente, de dentro pra fora. Quando eu sentia lá no fundo, que eu estava sendo protegida, e que se eu me sentisse sozinha, eu teria a quem desabafar, e me embrenhar no abraço deitado de alguém que me acolhe como se quisesse parar o tempo ali. Mas eu não pude demonstrar tal afeto, tal vontade de abrir um sorriso e dizer em alto e bom som: ó, eu gosto de você, você me faz bem. Eu não pude. Tive que recorrer a umas das coisas que eu mais repreendo nessa a vida, conter sentimentos. Me fizeram ser formal, ligar só quando fosse conveniente, mensagens só como resposta, presentear somente com data certa. E não sou assim, ligo quando tenho vontade, mesmo em horas inconvenientes, acordar o outro se for preciso. Mando mensagem quando me convém, quando sinto que o sentimento é tão bonito a ponto de eu querer compartilhar, eu mando, pra que o remetente de tal sentir, saiba que aqui, tem alguém pensando o quanto foi legal quando pudemos repartir o riso, dar as mãos e encontrar olhares. Gosto de presentear quando vejo algo que me faz lembrar o jeito, tão diferente, que me fazia desviar olhares de algo lá fora, pra prestar atenção em bobagens do tipo dele. Ainda gosto de tudo isso, mas já não faço mais. Me ausentei de mim mesma. Não suporto o menos, nem o pouco, e é assim que estou, sendo pouco e sentindo menos. Talvez o desapego seja necessário, eu que não queria ser desapegada... existem sentimentos tão bonitos pra se sentir, não entendo porque coloca-los de lado. Mas já que não é retribuido, já que considero demais, tenho carinho demais, sorrisos demais pra dar, muita vontade de abraçar, já que tenho tudo demais, o jeito é diminuir o ritmo, ao som de dois pra lá, dois pra cá, a meia luz. Ser espontâneo já não é tão aceito como antes. E eu quero ver até quando consigo ser assim.